Os ataques dos homens que têm estado a aterrorizar alguns distritos de Cabo Delgado desde 2017, penetraram este Domingo a área atribuída à Anadarko para a construção da fábrica de liquefação de gás (LNG), ao atacarem à noite a aldeia de Maganja. Nesta ação, os atacantes incendiaram habitações e infraestruturas sociais, incluindo o centro de saúde local e um camião que servia de meio de transporte de passageiros, ligando Maganja a Mocímboa da Praia. De acordo com correspondentes comunitários do SEKELEKANI, os atacantes decapitaram o proprietário desta viatura, até agora apenas identificado pelo nome de Tawabo.
Que se saiba, esta é a primeira vez que os ataques que aterrorizam Cabo Delgado há quase dois anos atingem directamente a região do DUAT (direito de uso e aproveitamento de terra) atribuído pelo Governo à petrolífera americana.
O clima na região é descrito como de crescente medo e apreensão entre as comunidades locais e as centenas de trabalhadores contratados para a construção de diferentes infraestruturas associadas ao projecto da LNG.
Na passada Terça-feira, dia 16, no seu primeiro contacto com a população local, o novo administrador de Palma, Valgy Tauabo, reuniu com a comunidade da aldeia de Quitupo, onde os residentes exigiram a paralisação imediata de todas actividades da Anadarko, até que a segurança na região seja restabelecida e garantida. Na opinião da comunidade local, os atacantes que têm vindo a aterrorizar diferentes localidades de Palma “nunca atacaram qualquer viatura da Anadarko nem mataram qualquer trabalhador” das diferentes empresas subcontratadas pela petrolífera americana, mas apenas “nossos familiares e nossas habitações”.
No mesmo encontro, em que o administrador se fazia proteger por uma notável unidade policial, integrada por homens encapuçados, os populares exigiram também a paralisação dos voos da avioneta ligada à estância turística “Amarula”, sob o risco de a incendiarem. Eles acham “estranhos” os voos nocturnos da avioneta. Algumas horas após a reunião, populares foram colocar troncos em algumas ruas e picadas, na tentativa de impedir a circulação de viaturas e máquinas da Anadarko na sua região.
A Comunidade Quitupo é a mais populosa daquelas que vão ser evacuadas da zona do DUAT da Anadarko e reassentadas em Quitunda.
As imagens reportam o rescaldo do ataque deste Domingo, dia 20 de Janeiro, à aldeia de Maganja.