Os ataques que têm ocorrido próximo ou dentro da área do projecto de gás no distrito de Palma desde a semana passada provocaram uma quase total paralisação da construção de diferentes infraestruturas durante o dia de ontem na Península de Afungi. Um largo número de trabalhadores, contratados pela empresa italiana CMC, não compareceram nos seus locais de trabalho, ou os abandonaram ao longo do dia, receando pela sua segurança. Depois do ataque ocorrido na madrugada de Domingo na aldeia de Maganja, outra incursão atingiu a aldeia pesqueira de Milamba, onde os atacantes terão morto duas pessoas e incendiando algumas habitações. Quer Maganja, quer Milamba, são aldeias situadas dentro da área do DUAT (direito de uso e aproveitamento de terra) atribuído pelo governo à petrolífera americana Anadarko.
Entretanto, na localidade de Maganja a comunidade tem estado em alvoroço deste o ataque de Domingo: enquanto uns têm sido vistos empunhando catanas e azagaias, alegadamente na perseguição de alguns atacantes, dezenas de famílias têm estado a abandonar as suas casas, procurando refúgio seguro na Vila-Sede de Palma.
Fontes próximas da Anadarko têm expresso “seria preocupação” perante o clima de insegurança, com consequências no ritmo das obras ora em construção, que incluem a futura aldeia de reassentamento em Quitunda e respectivas infraestruturas sociais, além de outros empreendimentos em torno da futura fábrica de liquefação de gás.
A associação entre paralisações intermitentes e processos de “ajuste cultural” entre as regras dos empreiteiros e hábitos e costumes de trabalhadores de diferentes origens e hábitos, são factores que podem contribuir para atrasos significativos na conclusão das obras, diz a fonte da Anadarko.
Na imagem, um vídeo amador de um correspondente comunitário do SEKELEKANI mostra dezenas de populares que abandonam a aldeia de Maganja, receando pela sua segurança.