Cinco comunidades do distrito de Moma, na Província de Nampula, inviabilizaram, no passado dia 24 de Março, uma reunião de consulta pública sobre o impacto ambiental de um projecto de expansão da área de explorarão de areais pesadas, pretendida pela empresa irlandesa Kenmare.
As comunidades de Pilivili-Sede, Mpuitine, Muholone, Epwiri e Namaize estiveram reunidas, na sede da localidade de Pilivili, a fim de se pronunciarem sobre a viabilidade do projecto de expansão da área de exploração de areias pesadas naquela região, numa extensão prevista de 17 quilómetros, ao longo da costa marítima, da localidade de Tophuito à sede distrital de Moma.
De acordo com os representantes da Kenmare, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) tinha como foco inicial o levantamento dos diferentes tipos de vegetação e de vida animal e outros recursos naturais, incluindo recursos marinhos.
Contudo, a consulta comunitária foi interrompida de forma inconclusiva, perante protestos de representantes das cinco comunidades, que exigiram melhores condições de comunicação e maior transparência nos propósitos da consulta. A população começou por protestar contra o processo de comunicação, em que os consultores falavam na Língua Inglesa, a seguir traduzida para a Língua Portuguesa e finalmente para a Língua EMakwa, e vice-versa, para as perguntas da comunidade. Tal processo tornava difícil a participação da comunidade, pois a essência dos assuntos em causa perdia-se no longo percurso das traduções.
Num segundo momento, as comunidades questionaram a finalidade do inquérito e quem o teria encomendado, uma vez que o mesmo era conduzido por duas consultoras estrangeiras, acompanhadas de um representante Kenmare, mas sem a presença de qualquer representante do governo do distrito de Moma. As consultoras disseram que naquela fase pretendiam apenas informação sobre o número de habitantes, as pessoas que tomam decisões a nível dos bairros e a nível familiar, bem como as principais ocupações diárias dos homens, mulheres e jovens. Insatisfeitas com as respostas das consultoras, as cinco comunidades entraram em clima de agitação, só contida através de apelos à calma dos líderes tradicionais.