A sala da Biblioteca Central da Universidade Politécnica tornou-se pequena para acolher a cerimónia de lançamento da obra do conceituado jornalista, pesquisador, jurista e Director Executivo do SEKELEKANI, Tomás Vieira Mário, intitulado ʺ25 Anos da liberdade de imprensa: História, Percurso e Percalços”.
A história da liberdade de imprensa em Moçambique, no período entre 1991 e 2006, é contada ao mínimo detalhe nesta obra, onde Tomás Vieira Mário recua no tempo, revisitando as ideologias prevalecentes desde a chamada “primeira Republica” (1975-1990), até às visões e perspectivas do período do regime da democracia multipartidária, emergentes de um processo complexo de transformação política, que culmina com a aprovação da Lei de Imprensa em 1991. Trata-se de uma autêntica biografia do percurso da imprensa moçambicana nestes 25 anos.
Ao Rogério Sitoe, antigo Director Editorial do Jornal “Noticias”, actualmente exercendo as funções de membro do Conselho de Administração da mesma empresa, coube a missão de fazer a apresentação da obra. Com muito sentido de humor, Rogério Sitoe apresentou uma leitura exaustiva da obra de Tomás Vieira Mário, destacando que o autor logrou descrever com rigor factos de que ele mesmo foi protagonista, porém sem os afectar com subjectivismos.
Sitoe, que também prefaciou a obra, ressaltou que este trabalho, celebra-se um valor imensurável, um dos valores fundamentais da democracia moderna, que é a liberdade de imprensa.
O autor do livro explica que a ideia de escrever esta obra surgiu aquando da celebração, dos 25 anos da liberdade de imprensa no país, em que foram suscitadas intervenções e comunicações de sublinhado valor histórico, e que importava preservar, deixando-os registados em forma de livro. É nessa medida que o livro contém textos de outros veteranos do jornalismo moçambicano, nomeadamente de Fernando Lima, Jornalista e Presidente do Conselho de Administração da Mediação, do próprio Rogério Sitoe e ainda de Teodato Hunguana, Ministro da Informação no período da transição democrática dos pais. ʺEu sou apenas o registador, não o dono da informação neste livroʺ, disse o autor, a este respeito.
Nos ʺ25 Anos da liberdade de imprensaʺ o Diretor Executivo de SEKELEKANI descreve duas fases da imprensa no país. Os primeiros 15 anos foram caracterizados pela emergência do pluralismo informativo, com o surgimento de jornais, televisões e rádios comerciais e comunitárias, num quadro de grande de tolerância política e a segunda e última fase de 2004 até esta parte, caracterizada por tentativas de controlo político da Comunicação social, associadas à fragilidade económica das empresas jornalísticas e a tentativas de sua captura pelo crime organizado.
Visivelmente emocionado, com lágrimas nos olhos, o autor, que é também Presidente do Conselho Superior de Comunicação Social, homenageou Albino Magaia, o seu grande modelo e fonte inspiração profissional, a quem descreveu como seu ʺpai espiritual ʺ, editor “politicamente sólido e com independência de pensamento”. Ao lado de Magaia, o autor homenageou igualmente figuras marcantes da mesma geração, como Leite Vasconcelos; Ricardo Rangel, Carlos Cardoso, Kok Nam, entre outros.
De igual modo, Tomás Vieira Mário enalteceu o papel que o antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, desempenhou, na promoção do espírito de tolerância e de convívio pacífico na sociedade, condições indispensáveis para o pleno exercício da liberdade de imprensa e de expressão.
A cerimónia, bastante concorrida, foi também um momento de encontro e de convívio entre os participantes e o autor, a quem felicitaram, pedindo a tradicional assinatura de autógrafos.