Recursos Naturais e Indústria Extractiva

Financiamentos internacionais ao carvão devem parar até ao fim do ano – decide o G7

As potências indústrias que integram o chamado G7 acordaram esta Sexta-feira em parar com qualquer financiamento internacional para a indústria do carvão. A medida entra em vigor no fim do presente ano, num esforço visando alcançar as metas de contenção das mudanças climáticas. O G7 inclui os Estados Unidos da América, a Franca, a Alemanha, o Japão, a Itália e o Reino Unido da Grã-Bretanha.

A mineração do carvão esteve sob forte pressão na semana passada, depois de um comunicado da Agência Atómica Internacional defendendo que nenhuma nova mina de carvão deverá ser aberta, se o mundo quiser cortar as emissões de carbono para o grau zero em 2050, informa o Financial Times.

No comunicado, o G7 afirma que, “reconhecendo que a geração de energia a partir do carvão é o maior contribuinte singular para o aumento global da temperatura, sublinhamos que investimentos internacionais em energia de combustível fosseis devem para agora”.

O G7 reconhece, contudo, exceções a esta medida, em circunstâncias limitadas à descrição de cada país, porém de uma forma que seja “consistente com um caminho ambicioso e claramente definido em direção à neutralidade climática, a fim de manter o alcance da meta de (diminuição do aquecimento global) 1,5 graus centígrados” até 2050. Contudo, dois importantes óbices permanecem por retirar, para a plena garantia da implementação desta medida, a nível global. Em primeiro lugar, a reunião ministerial do G7 não alcançou qualquer acordo concreto sobre a ajuda de compensação climática aos países em desenvolvimento, que poderá ser uma das questões mais espinhosas na cimeira climática de Novembro próximo.  Com efeito, os países em desenvolvimento, sendo os que menos contribuem para a poluição do meio, estão contudo expostos a dois graves riscos: o bloqueio ao seu direito ao desenvolvimento, devido à queda dos financiamentos à mineração do carvão, e a exposição a eventos naturais extremos, como ciclones ou secas prolongadas. Moçambique encontra-se na fila da frente deste grupo de países. Segundo John Kerry, enviado especial americano para o Clima, um outro óbice pode ser o Japão, um gigante consumidor de carvão, de petróleo e de gás natural, que poderá, por isso mesmo, ser renitente ao acordo para parar com financiamentos internacionais ao carvão.  Seja como for, o apito anunciando o fim da era dos combustíveis fosseis está dado, e constitui certamente um serio alerta a países como Moçambique, cujo futuro a medio prazo está associado a expectativas de volumosas receitas derivadas da exploração dos seus imensos recursos minerais, nomeadamente do gás natural e do carvão.

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