Desenvolvimento Comunitário

Seca e fome em Massangena: as marcas do “El Nino” sobre a mulher e a criança

Em Massangena, região árida do norte da província de Gaza, desde há muito que as mulheres colocaram as panelas de cozinha ao avesso: viradas para baixo. É o primeiro sinal exterior de fome que se vê nos quintais de muitas famílias, consequência de uma seca severa e prolongada.

Não tem caído chuva anos a fio, e quando finalmente caiu alguma, em Abril de2016, não foi suficiente nem ia a tempo de salvar qualquer cultura, mesmo nas regiões baixas do rio Save. As pessoas sobrevivem de raízes e frutos de plantas silvestres.

A seca severa é efeito das mudanças climáticas, e tem como suas principais vítimas as mulheres e as crianças, não raro abandonadas à sua sorte pelos homens: para além da tradicional emigração para a Africa do Sul, os homens partem em busca de meios de subsistência para as suas famílias nas vilas mais próximas de Macia, Chokwe ou Chicualacuala.

A maioria das crianças não vai à escola há pelo menos dois anos, isto é, desde 2014. Em consequência, algumas salas de aulas foram já invadidas por cabritos, que as transformaram em suas salas de recreação, infestando-as com seus excrementos.

Como se não bastasse, a equipa de pesquisa do SEKELEKANI constatou que as diferentes iniciativas de negócios, empreendidas por mulheres, e financiadas através do Fundo de Desenvolvimento Distrital (vulgo “sete milhões”) pouco impacto têm tido na mitigação da seca em Massangena: as mutuárias, que receberam o fundo sem qualquer treinamento nem acompanhamento subsequente, rapidamente foram quase todas à falência. Por isso nem poderão devolver o dinheiro recebido.

Seca e fome em Massangena: as marcas do “El Nino” sobre a mulher e a criança (PDF)

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